Enchentes


Para se ter noção do fenômeno das enchentes que assolavam, periodicamente, o município deve-se levar em conta, também, o clima muito úmido da região e saber algo sobre a hidrografia do Rio Iguaçu. A bacia do Rio Iguaçu drena uma área de, aproximadamente 9.350 km2, dos quais 56.100 km2 situam-se em território paranaense, 11.270 km2 em território catarinense e 1.980 km2 em território argentino. 
A bacia possui 560 km de comprimento por 198 km de altitude e sua foz desce a 80m. A característica geográfica do Rio Iguaçu (plano), tem seu vale de sua nascente até a cidade de Porto União (cerca de 28 km a jusante de Porto União da Vitória), muito plano. Em consequência, as enchentes são relativamente de moradas, principalmente no trecho descendente da onda cheia, e o tempo decorrente do pico das enchentes até o nível normal, é da ordem de 30 a 60 dias. A incidência das enchentes que periodicamente assolam importantes áreas urbanas e rurais da Bacia do Iguaçu trazem prejuízos e transtornos de grande repercussão. 

A cronologia das grandes enchentes que vêm afetando Porto União da Vitória, em decorrência da elevação do nível das águas do Rio Iguaçu, dá uma ampla visão a respeito da periodicidade do fenômeno.

1881, mês de julho — em virtude das chuvas intensas, acompanhadas de temporais, o vapor Cruzeiro atracava na Rua Coronel Amazonas, acima do Clube Concórdia (cota* 750.00m), podendo-se afirmar que essa enchente foi maior que a ocorrida no ano de 1983.

1905, mês de maio — apresentou índices semelhantes aos de 1983, com registros de prejuízos de grande monta, inclusive cobrindo vários trechos da Estrada de Ferro São Paulo — Rio Grande do Sul.

1911, mês de setembro — elevação das águas em índices menores que os de 1905, com registro de prejuízos.

1935 — nível das águas na cota 747.80m.

1957 — nível das águas na cota 746.90m.

1970, mês de dezembro — nível das águas na cota 746.00m.
*Cota: representa à altitude em relação ao nível do mar. Porto União está a 755m acima do nível do mar. A cota de referência do Rio Iguaçu, em tempos normais, é de 739.61m.

1983, meses de maio a junho — nível das águas na cota 750.03m. Enchente de grande porte que atingiu as cidades e uma vasta área urbanizada, com muitos prejuízos. Há, porém, que se considerar as enchentes de menor intensidade que, quase anualmente, ocorrem em Porto União, atingindo, principalmente, as populações periféricas. O nível normal do Rio Iguaçu atinge a cota 739.61m.

A maior incidência de enchentes que assolam o município está na cota de 745m, dentro da área de segurança da Copel e da Defesa Civil. A enchente de 1983 apresentou, nos dias 07 e 08 de julho, um crescimento assustador no volume das águas. Não só o Iguaçu, mas, também, os seus afluentes e subafluentes fizeram com que muitas localidades ficassem inundadas. Notou-se também, que as águas continuaram subindo até o dia 18, quando atingiram o nível máximo. Além das inundações, foram grandes os prejuízos, com quedas de barreiras, pontes, deslizes de morros etc. Tudo isso se deve à enorme quantidade de chuvas, torrenciais e constantes, que caíam na época. Pergunta-se: por que tantas chuvas? A explicação está num fenômeno meteorológico cha-mado "El Niño", que atingiu uma vasta região do Brasil. 

O que vem a ser “El Niño”?
O nome é popular, identificado na época do seu habitual aparecimento na costa setentrional do Peru, justificando o nome, em época natalina (niño, em espanhol, menino). "El Niño" se refere ao menino Jesus. Nas costas do Peru, oceanograficamente (oceano), existem:
- Corrente Costeira do Peru, que nasce nas latitudes de Val Paraíso, no Chile, fria, pouco extensa, não muito longa, muito profunda em relação à costa e, em relação à Corrente Oceânica, pouco profunda. Ocorre em direção ao Norte.
- Corrente Oceânica ou de Humboldt, está mais afastada da Costa e corre na mesma direção costeira. Fria, extensa, longa e profunda, tem origem meridional, próxima do Continente Ártico. "El Niño" corresponde à Corrente do Peru, que segue para o Sul até atingir a sua costa, em direção oposta à Corrente Costeira, e tem sua origem na Corrente que vai para o Norte, a Corrente Sul-Equatorial do Pacífico.

El Niño é uma Corrente Marítima que vem do Norte, em direção ao Sul, e não encontra resistência da Corrente que vem do Sul (fria) à sua passagem. Essa manifestação (movimento) forte das correntes do oceano influencia a movimentação dos ventos. Os ventos voltam a soprar provenientes do Oeste, ao invés do Sudeste, carregados de umidade do Pacífico, sem montanhas ou outros obstáculos que lhe roubem as águas, provocando chuvas torrenciais, constantes, devastadoras, além de fortes furacões. "El Niño" se reproduz em intervalos não regulares. Diz-se que se apresenta em ciclos de sete anos, mas, na realidade, o fenômeno aparece com mais frequência. Embora existam teorias que sustentem o aparecimento do fenômeno a cada dois anos, e até todos os anos, na época natalina, nem sempre chega a produzir mudanças sensíveis.

Não existe teoria que explique, com exatidão, as causas da formação, bem como a razão da irregularidade nas aparições do "El Niño". Afirmam alguns, que o aparecimento seria resultado da ação enfraquecida dos ventos do Sul, que orientam as correntes oceânicas e costeiras para o Norte (é a teoria mais frequente). Enfraquecidas, as forças das correntes marinhas do Sul-Norte abrem um espaço para a descida do Norte-Sul da contra corrente, ou seja, do "El Niño".
Por outro lado, outros acham que o "El Niño" pode ser produto das ocorrências de estacionalidades dos fenômenos frontológicos meridionais, e não a causa. Estamos, portanto, diante de uma grande incerteza.

Um comentário:

Thiago Jhonathan disse...

Pelo q eu sabia a enchente de 83 teve uma grande parcela de culpa da Copel.Vc poderia postar algo sobre isso tbm.Mas q essa historia deveria revelar quem foram realmente os culpados(alem das chuvas do el niñõ) por tamanha devastaçao q tem seus reflexos sentidos ateh hj,com uma eonomia fraca por exemplo deveria.PARABENS ELO SEU BLOG...